sábado, 17 de dezembro de 2011

O MITO DO "ACADEMICISMO PASTORAL"

Existem dois extremos na formação de inúmeros pastores evangélicos
no Brasil:
1 - De um lado, há igrejas que ordenam ministros sem qualquer
conhecimento ou curso de preparação teológica. A falta de
preparo teológico expõe os diversos pastores ao ridículo quando
não conseguem sequer fazer uma interpretação correta de um texto
das Escrituras. O resultado é um monte de heresias e uma igreja
fraca e sem doutrina bíblica.
2 - Por outro lado, há igrejas que ordenam à ministro, somente
àqueles que formaram-se "bacharel em teologia". Acredita-se
que o bacharelado irá dar maior capacitação ao vocacionado
ao ministério pastoral. Entretanto, quero expor minha opinião
sobre o assunto e, para tanto, darei o nome de MITO para
a idéia de que somente bacharéis em teologia são habilitados
para o pastoreio.
Na verdade, se um vocacionado ao ministério pastoral não
tomar cuidado, ele pode tornar-se tão acadêmico que
tornar-se-á um crítico, um comentarista da fé ou talvez um
excelente teólogo para o seminário; poderá ser tudo isso,
menos pastor. Outro dia, falava com um pastor amigo que
esforcei-me quatro anos no seminário para aprender
teologia. Aprendi tanto, que agora esforço-me para
desaprender. Digo isto, porque existem muitos estudos
dentro da teologia (sobretudo na faculdade teológica)
que investigam a fé de diversos pontos e modos, entre
eles, o método científico e analítico-crítico. Nada
contra estes métodos, pelo contrário, acredito que seja
necessário para a construção do pensamento dentro
da teologia acadêmica, entretanto, muitos vocacionados
ao ministério pastoral, não souberam administrar tais
informações e transformaram o púlpito da igreja em
um lugar para debates e explanações filosóficas-teológicas
e a igreja transformou-se em uma sala de aula de
seminário e o rebanho, transformou-se em ouvintes
de discursos acadêmicos. Por isso, muitos cristãos
enfraqueceram-se na fé, igrejas perderam o rumo
e até viveram um terrível deserto espiritual.
Na verdade, o rebanho de Deus só precisa do evangelho
simples para crescer saudável. Não precisa de
discursos filosóficos, sociológicos, pedagógicos,
psicológicos, antropológicos ou coisas parecidas.
O que a igreja precisa, é apenas da Bíblia Sagrada
e da fiel interpretação e exposição da sã doutrina.
O que a igreja precisa, é de um sermão verdadeiro,
correto e bem elaborado, entretanto, cheio de
vida e de poder. Esse poder não vem de
nosso conhecimento intelectual, mas do Espírito Santo.
Por isso, embora aplique os conhecimentos teológicos
(de modo simples e objetivo) o pregador deve
esvaziar-se do "eu"; esvaziar-se do "academicismo"
e ser apenas um simples instrumento de Deus para
a edificação da Igreja do Senhor. Infelizmente,
muitos pastores-teólogos profissionais, deixaram
a sua espiritualidade definhar e agarram-se somente
ao intelecto e vivem pregando seus sermões não
dependendo mais do Espírito Santo, mas de seu
conhecimento acadêmico-teológico. Este é outro
extremo que deve ser evitado.

Com isso, não quero dizer que os pastores não devem
tornar-se bacharéis em Teologia, mas que não esqueçam
da sua vocação e não deixem o excesso de conhecimento
substituir sua espiritualidade e dependência de Deus na
hora da pregação do Evangelho.
Entretanto, também faço um crítica àqueles que exigem
que pastores tornem-se bacharéis em teologia. Isso é
um absurdo. Na verdade, existem ótimos seminários
que oferecem excelentes cursos de formação ministerial
que capacitam vocacionados para o ministério pastoral.
Muitos destes cursos tem o currículo de 24 disciplinas
fundamentais para um bom conhecimento bíblico-teológico
em áreas de conhecimento da estrutura da Bíblia, história,
doutrina, geografia e outras de grande importância.
Normalmente, estes cursos são oferecidos com duração
mínima de dois anos. Ora, com este curso, mais o
desenvolvimento prático do ministério, os vocacionados
ao ministério pastoral estarão bem preparados para
exercer a função e executar o trabalho de modo
zeloso, eficiente e com excelência.
A idéia de que a formação de bacharel em teologia
é o melhor modo de capacitar um vocacionado
ao ministério pastoral não passa de um MITO.
E, lamentavelmente, muitos já abraçaram esta idéia.

Pr. David Domenicali

Um comentário:

  1. Concordo plenamente...
    A teologia é um instrumento a ser usado, e não o foco da nossa pregação...
    Um curso de teologia, não habilita ninguém ao pastorado...
    E vou mais além ainda, creio firmente que o Senhor nos chama desde antes do ventre de nossa mãe, para fazer parte de um chamado, não de um ministério, o ministério pastoral é consequencia do chamado pastoral...
    De forma que creio, que há muitos ordenados, que não são pastores, e há muitos pastores que provavelmente nunca foram ordenados...
    Charles Haddon Spurgeon,por exemplo, recusou-se durante toda a sua vida a ser ordenado, mas isso não diminiu o chamado desse grande homem de Deus, conhecido como principe do pregadores, tinha um chamado, mas não o exerceu na forma de pastorado, era pastor, mas nunca foi ungido a pastor...
    Pra encerrar, penso que quem quer por Teologia como requisito para ordenação, está mais preocupado em criar uma classe de profissionais do que em ver o Reino de Deus se expandindo...

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